sábado, 6 de dezembro de 2008

Apenas poucos momentos depois de cair em merecido sono, pois após dia
entre trabalho e eteceteras, o corpo distrai entretanto a mente não para. Nesse
sonho que aparece em continuidade do desperto, observava por lentes-olhos
a minha própria idade de criança, enquanto uma serena tarde das algumas que tive passava. O relato tem seu tema idéia que levava, na gota relacionada ao brinquedo - um desses jogos com objetos submergidos em água, fazendo movimentos aquosos -que era a principal atenção e que relacionava o ínicio da linha-pensamento.
Em certo ponto da distração, muito vívida apesar de sonhada, o brinquedo era
deixado de lado e tomava foco a gota que ele deixava por onde passava; sem
ter intenção filosófica ou metafísica pensava nas possibilidades que tinha a gota aflorada no chão de ladrilhos de madeira,
em possuir adentro novas gotas, abrigando assim pequenos universos adentro, e
nesses universos talvez existissem vidas parecidas com as nossas, talvez inversamente
proporcionais ao reflexo que faz a água ao espelhar a imagem, talvez simplestmente
diferentes e incompreensíveis para nossos olhos. A escala de gotas e suas subdivisões
era infinita na idéia concebida, derepente as realidades se confundiam, entre a atmosfera
ar e água se fazia invisível a distinção, fronteira ou divisa eram fatores impossíveis.
De dentro dessas atmosferas imaginativas aprendia, enquanto criança sonhadora ou
adulto acordado em sonho, como podem algumas das vias de possibilidades dos caminhos que os palácios flutuantes inventam existirem, mesmo na cabeça fértil de uma criança ou no sonho de um adulto. A tarde corria sem que ponteiros pudessem marcar pontos de luz na terra, sem que houvesse tensão entre o vento e a alma, sem qualquer amostra de preocupação além da idéia de universos adentro de gotas d’água. Eram aquosas as imagens desse sonho, apesar de que existam dúvidas se era realmente um sonho ou não. Ele - o sonho – se confundia, similar à maneira como se confundiam as atmosferas ar e água, com as tardes vivídas na rua de árvores dos sinamomos na qual residia nessa época. O sol que penetrava na janela era entreposto pelas sombras das barras de ferro de segurança, ao fundo se espalhavam, no horizonte e em perspectiva iluminada pela luz já baixa do poente, a torre dos sinos da igreja, o telhado cinza da garagem e os poucos edifícios que confundiam-se com a vegetação ainda abundante nessa época. Dentro do quarto no qual dormia também meu irmão mais novo, a luz baixa e alaranjada iluminava os devaneios e os objetos, e apesar das percepções do ambiente ao redor, seguia submerso nos universos das gotas. O brinquedo já deixado de lado havia muito tempo, observava solitário uma criança observando gotas que se juntavam ou dividiam conforme distância sobre o chão, e na terceira pessoa impessoal eu via a situação um tanto curiosa desde o ponto de vista de um sonhador. Esse fato ocorrido é ausente de começo ou fim, somente flutua sobre a névoa da dúvida do que pode ou não ser considerado possível. Talvez esteve adormecido; agora evaporado, condensado chove sobre minhas mãos, pingando sobre teclas-letras como uma passageira nuvem chove sobre memórias sonhadas. Ou simplesmente goteja memórias de sonhos, molhando novo sonhador, adulto adormecido do imaginário infantil ou quase separado do sentimento de pensamento que engatinha.

Um comentário:

Caititi Philosopha disse...

Que foda esse escrito...falando em sonhos: sonhei contigo hoje; que voltavas num aeroporto de não sei onde, desses de sonhos;
me lembrei de nossas bandas surreais com a mari,,,,
saudades;;;
inté
abração
Dani Tigik